Os investimentos e desembolsos em tecnologia da informação e comunicação (TIC) vão crescer em 2010. Variam as previsões de percentuais, produtos ou mercados mais aquecidos, e o ritmo. Mas a percepção de que as empresas voltaram a contratar é uma unanimidade e reflete a retomada, a partir do segundo semestre, de boa parte dos gastos corporativos que haviam sido suspensos no início de 2009.
As empresas do mercado brasileiro de TIC listadas no ranking CW 300 de Computerworld faturaram, juntas, 114 bilhões de dólares em 2008. Em 2009, o mercado de TIC, segundo a consultoria IDC, cresceu 2,1% e para 2010 as previções são de aumento de 8,1% ou mais.
Vários executivos de corporações internacionais instaladas no Brasil têm recebido das matrizes a missão explícita de expandir o faturamento a uma taxa de dois dígitos. ”Levamos ao board a projeção de um dígito, voltamos com outra, de dois”, conta um empresário. Segundo ele, a revisão das metas para cima está sendo causada, entre outros fatores, pela difusão generalizada no mundo da imagem do Brasil como a “estrela da vez”. Mas a missão é difícil, diante da postura mais cautelosa dos CIOs.
Na opinião do professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica da Unicamp, Sérgio Salles, um dos aspectos mais importantes da economia do setor de TIC no País em 2010 será o predomínio do modelo de oferta de serviços. Outro é o fato de o valor do hardware estar cada vez mais associado ao software que o equipamento traz embarcado. O que explica porque também os fornecedores de máquinas começam a ingressar no modelo do outsourcing.
O movimento está mudando ou já mudou o perfil de várias empresas tradicionais, como a IBM ou a HP. E, nesse processo, a fusão e aquisição de companhias com experiência e clientes nesse mercado é uma estratégia vital. Em 2009, foram muitas consolidações, que devem continuar em 2010, principalmente entre os prestadores de serviços.
O mercado brasileiro de outsourcing de TI conquista posições no mundo e, somado a comunicações, representa cerca de 7% do PIB nacional, segundo o Brasil TI-BPO Book, publicação da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom).
Assim, as áreas de software e serviços despontam como as grandes forças do segmento. Mas os serviços saem da crise com margens de lucro menores, o que reflete, para vários especialistas, sinal de amadurecimento do mercado. O professor da Unicamp destaca a consolidação de marcas nacionais de alcance global e grande porte, como a Stefanini ou a Ci&T, disputando ao lado de gigantes como a SAP ou a Tata, que amplia gradativamente sua presença no Brasil.
“O próprio CPqD, tradicional centro de desenvolvimento da área de telecomunicações, por muito tempo voltado à venda de hardware, caminha e dedica boa parte de seus investimentos a serviços e software”, diz Salles. O presidente do CPqD, Hélio Graciosa, conta que a empresa, este ano, cresceu com serviços de gerência de redes, especialmente junto a prefeituras, no setor elétrico e de utilidades. Ele esperava expansão de 1% em 2009, mas de 18% a 20% nas estimativas para 2010.
Um desafio para o segmento de software e serviços, de acordo com estudo Observatório Softex, será o aumento do valor agregado dos projetos. Para isso, entre outras medidas, terá de suprir a carência de profissionais de alta qualificação e, com esse reforço, conquistar fatias da atividade de desenvolvimento de software que estão, atualmente, nos departamentos internos de TI das corporações usuárias.
A maior rentabilidade continua nos projetos com grande customização e que, por isso, também têm custo maior. O que explica, para Salles, a tendência à multiplicação de experiências de “open innovations”, de trabalho compartihado e aberto.
O fator governo
Em 2010, a influência do setor público nos negócios com tecnologia será exercida em polos opostos. De um lado, o governo federal terá que comprar menos, devido às limitações impostas pela legislação em ano de eleições. Tendência diferente de 2009. Pesquisa da consultoria IDC Brasil com 130 instituições governamentais – metade de instâncias estaduais e outra metade federal – realizada no começo do ano passado mostrava que 65% dos gestores acreditavam que seus orçamentos iriam aumentar.
Por outro lado, a União pode induzir investimentos, especialmente por meio das diretrizes a serem defi nidas no Plano Nacional de Banda Larga ou com pacotes de desoneração do setor produtivo, como o anunciado em dezembro último, pelo Ministro da Fazenda, Guido Mantega.
No caso da infraestrutura de telecomunicações, as regras vão orientar iniciativas que têm o objetivo de dar parte da rede para ligar o backhaul das operadoras, em cada município, até a casa do usuário. Movimento paralelo à ampliação das redes de acesso móvel à internet, a 3G. A partir dessa grande base para a comunicação de dados, podem se concretizar tendências recorrentes, como cloud computing ou virtualização.
A tendência é que entremos numa constante de desenvolvimento no mercado de TI, haja vista que a satisfação das empresas com a área de TI vem aumentando e isso facilita a obtenção de incentivos para ganhos de mercado e desenvolvimento de novos negócios e tecnologias.
ResponderExcluirVamos ver o que 2010 mostra de real e palpável para nós da Área de TI.
Abraço!!
Rafael Sá Oliveira
Analista de TI
http://rsobsb.wordpress.com
Com certeza. De acordo com as previsões, este é um ano de crescimento na área de TI, principalmente no setor de serviços. Agora é esperar e conferir, lembrando sempre, que o melhor é se previnir (preparar) pois não sabemos quando a oportunidade baterá à nossa porta.
ResponderExcluirAbraço.
João Balbino
Analista de TIC