Ao contrário do Universo que a partir do Big Bang só fez se espalhar e expandir, o universo da computação entrou definitivamente num movimento de contração, de centralização.
Apesar de a computação oscilar ao longo das últimas décadas entre a centralização e a distribuição, o modelo distribuído do Cliente/Servidor tem perdido força e o modelo centralizado foi fortemente acelerado por diferentes fatores.
Entre estes fatores podemos relacionar o aumento da capacidade dos servidores, a tecnologia de virtualização, e seu derivado o Cloud Computing. Somam-se a estes fatores o fator econômico. É inegável que a computação centralizada é muito mais econômica e de administração muito mais fácil. O fator econômico se impõe sobre os atrativos da computação distribuída e um dos fatores que contribui com certeza é o aspecto da segurança da informação e do seu acesso a ela.
A virtualização é tecnologia que se aplica a ambas as extremidades da computação, tanto a extremidade usuária quanto aos servidores centrais. Na extremidade usuária, existem as alternativas da virtualização do desktop e da virtualização da aplicação. Existem vantagens na virtualização do desktop, porém os inconvenientes econômicos talvez coíbam a sua expansão e ela não atinja a universalidade que os fornecedores de produtos de Virtual Desktop Environment fazem crer. Não faz muito sentido virtualizar todo o desktop, pois quem realmente precisa dele? O que o usuário realmente quer e precisa é o acesso à aplicação e através dela aos dados. Ninguém precisa de um sistema operacional privativo para isto. Quem faz crer que seja necessário um sistema operacional para cada usuário na verdade está apenas contribuindo para manter o Bill Gates no topo da lista da Forbes. O usuário precisa mesmo é acessar a aplicação rodando em servidor central de forma virtualizada. Isto pode ser providenciado por um workspace que contém todas as ferramentas necessárias para dar acesso aos dados necessários ao usuário, sem nenhuma conotação de sistema operacional proprietário. O workspace é uma interface neutra de sistema operacional, que dá acesso às aplicações, rodem elas onde for necessário, e no sistema operacional que for mais adequado. O usuário nem se incomoda com o sistema operacional por detrás da aplicação. Este ambiente de workspace vai permitir uma padronização de interface nunca antes vista, sem sobressaltos de mudanças de interfaces gráficas ou versões de sistema operacional como acontece atualmente a cada dois três anos, sempre movido com a necessidade de faturamento dos provedores de sistema operacional, poucas vezes desejado pelo usuário. (Vide a resistência dos usuários de abandonarem o Windows XP).
Do lado do servidor, a virtualização de máquinas foi um importante passo para desacoplar o sistema operacional do hardware. Foi a virtualização de servidores que deu um forte impulso ao conceito do Cloud Computing, mas como em tecnologia sempre acontecem evoluções, chegou um novo conceito que vai alavancar de vez a adoção do Cloud Computing: a virtualização das aplicações centralizadas. Esta nova tecnologia de virtualização está desacoplando a aplicação do sistema operacional, da mesma forma que a virtualização de servidores desacoplou o sistema operacional do hardware. É o passo seguinte na evolução da virtualização que se somará à virtualização de servidores.
Este desacoplamento entre sistema operacional e aplicação é feito através de um mecanismo de Virtual Application Appliances, ou simplesmente VAA´s, que encapsulam as aplicações com todas as suas dependências, sem nenhum componente de sistema operacional (conceito Zero OS), num invólucro que pode ser movido entre servidores e executado neles sem nenhum trabalho de instalação.
Assim como a VMWARE teve um papel importantíssimo na era da virtualização de servidores, a empresa americana APPZERO, pioneira em virtualização de aplicações, terá um papel muito importante de liderança neste novo mundo da virtualização das aplicações e na consolidação definitiva do Cloud Computing.
Esta nova tecnologia de virtualização de aplicações tem um papel muito importante que permitirá os data centers transformarem-se em Cloud Centers.
A diferença fundamental dos Cloud Centers é que se baseiam em servidores com uma infra-estrutura padronizada de sistema operacional, comoditizando a infra-estrutura dos datacenters, e na mobilidade absoluta das aplicações proporcionada pela tecnologia da virtualização das aplicações centralizadas.
Esta nova tecnologia terá um impacto tão positivo na gestão da infra-estrutura que em pouco tempo iremos perguntar como conseguíamos trabalhar antes, sem a mobilidade de aplicações proporcionada por esta nova tecnologia.
Por tudo isto, o movimento da centralização em processamento de dados, se não irreversível, pelo menos terá uma vida muito longa. Quem viver verá.
Este tema foi explorado no 2o Seminário Software Innovation (www.convergeeventos.com.br).
Nenhum comentário:
Postar um comentário