Mercado aquecido, volta à guerra por talentos e também a busca
desesperada de ferramentas, metodologias e ações de curto prazo que
(acreditamos) garantirão a tão desejada retenção de talentos.
Estas metodologias e ações existem e de fato apresentam certo
resultado. Mas acredito que se estas ações forem pontuais e isoladas há o
risco delas terem um efeito “band aid” que não resolve o problema de fato.
Um exemplo disto é quando uma organização “retém” seus profissionais
cobrindo a oferta financeira feita pela concorrência. O efeito “band aid”
pode trazer um alívio momentâneo mas também pode esconder alguns
sintomas que serão sentidos mais tarde, como uma estrutura de cargos e
salários com problemas de equidade interna ou ainda reforçar
culturalmente que esta é a única maneira que os profissionais na empresa
recebem aumento.
Para alcançar a retenção de talentos, acredito eu, é preciso um
conjunto de ações que serão desenvolvidas e talvez orquestradas pela
área de Recursos Humanos, porém não serão de execução desta área.
As pessoas não deixam empresas, deixam gestores. Só o
gestor tem a possibilidade de conhecer os anseios e motivações de seu
time. E isto nem sempre se refere unicamente ao gestor imediato. Olhar a
gestão (ou a falta dela) dois ou até três níveis acima é perfeitamente
normal. E esta avaliação também afeta a retenção de talentos.
Culpar o RH pela não retenção dos profissionais é como o técnico do
time de futebol culpar o fabricante da chuteira porque perdeu o
campeonato. A área de RH só cria as ferramentas e ensina a utilizá-las.
Quem tem que colocá-las em prática são os gestores.
Se o diferencial de uma empresa para outra não for a gestão ou
fatores ligados à qualidade dela, então podemos partir para uma premissa
de que todas as empresas são muito parecidas e o que muda de uma para
outra é o salário. E se isto fosse verdade caberia aos profissionais
única e exclusivamente ir atrás do salário mais alto.
Como headhunter encontro todos os dias profissionais
altamente engajados que não pestanejam ao recusarem uma nova oferta de
trabalho, independentemente do salário oferecido. A justificativa para
isto geralmente está intimamente ligada à gestão.
Mas é importante lembrar também que fazer gestão requer tempo e
investimento em planejamento. Se os gestores forem única e
exclusivamente cobrados e remunerados pelo atingimento das metas de
curto prazo e gestão não for uma ação reconhecida como importante e
vital na avaliação destes gestores, a organização desenvolverá apenas
ótimos executores de metas não profissionais inspiradores que retém seus
profissionais.
Gestão não é fácil de fazer, nem de mensurar e também não aparece
nos resultados de curto prazo, mas é a única chave-mestra para reter os
profissionais.
Fonte: Exame.com
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